Nutrientes para ossos fortes e prevenção da osteoporose

Untitled.jpg

Com que frequência você pensa nos seus ossos? Provavelmente raramente. Em geral, as pessoas só pensam nele quando deformam-se, dóem ou se quebram. Só que a perda óssea avança lentamente antes que algo assim aconteça. Por isso, devemos cuidar dos óssos desde cedo.

Muitas pessoas acham que basta tomar um copo de leite no café da manhã e tudo estará resolvido. Contudo, o cálcio não é o único nutriente importante para os ossos. Indígenas não tomam leite e nem por isso desenvolvem osteoporose. Pessoas que tomam muito leite e outras proteínas animais e pouca fruta e verdura na verdade têm tanto risco de sofrer uma fratura quanto qualquer outra pessoa (Bolland et al., 2015).

O que realmente torna os ossos saudáveis é a combinação de cálcio, magnésio, vitaminas C, D3 e K2. Suplementos de cálcio sozinhos aumentam o risco de ataque cardíaco em pelo menos 27% e o risco de derrame em pelo menos 12%. Altas doses de cálcio, tomadas isoladamente, acabarão por sedimentar-se nos músculos do coração, nas válvulas cardíacas e nos vasos sanguíneos, levando a doenças cardiovasculares. No entanto, se você estiver recebendo magnésio, vit C, D3 e vitamina K2 suficientes, seu corpo direcionará o cálcio para os ossos, não para o coração e os vasos sanguíneos.

A ingestão adequada de vitamina C reduz o risco de osteoporose em 33%. A vitamina C e a vitamina D ajudam o cálcio a entrar nos ossos a uma taxa mais alta do que o consumo de leite. A vitamina C também é antioxidante, reduzindo a inflamação do corpo. Inflamação é outro fator de risco para osteoporose. Por isso, indica-se uma dieta antiinflamatória.

A combinação de estrogênio + Vit C + cálcio em mulheres na pós-menopausa também é poderosa no aumento da densidade óssea no quadril, rádio, coluna vertebral e colo femoral. Além disso, estudos sugerem que a redução do nível sérico de magnésio é também fator de risco para osteoporose entre as mulheres na pós-menopausa. De fato, a deficiência de magnésio é tão comum e causa tantos problemas (de memória, insônia, nervosismo, redução da massa óssea, cólicas, falta de energia), que acaba sendo um dos meus suplementos mais importantes para mulheres acima de 35 anos.

A quercetina é um bioflavonóide encontrado no chá verde, chlorella e outras microalgas. Verificou-se que estimula células de reconstrução óssea e inibe a reabsorção óssea ou perda de minerais como o cálcio.

Outras estratégias importantes para a manutenção da massa óssea:

  • Caminhadas ou corridas

  • Treinamento de força e exercícios de resistência ao peso são excelentes para apoiar os músculos na estabilização, para evitar quedas e também na prevenção da osteoporose.

  • Deixar de fumar

  • Tomar sol

  • Consumir pouco álcool

Homens também precisam se cuidar

Homens na casa dos cinquenta anos não experimentam a rápida perda de massa óssea que as mulheres sofrem após a menopausa, mas aos 65 ou 70 anos de idade, homens e mulheres perdem massa óssea na mesma proporção e a absorção de cálcio diminui em ambos os sexos. Homens tendem a sofrer a primeira fratura mais idosos, mas justamente por conta da idade a queda pode ser fatal.

O Instituto de Medicina (IOM) recomenda para adultos a ingestão de 1.000 mg a 1.000 mg de cálcio por dia. A suplementação não precisa ser tão alta, visto que parte deste cálcio virá da dieta (em geral, suplementos com 500 a 700 mg atendem às necessidades do adulto). E, como vimos, estes suplementos precisam ser associados a vitamina C, vitamina D, magnésio e vitamina K2. Estes são os nutrientes mínimos mas você talvez também precise de outros suplementos como boro, cobre, lisina, manganês, ômega-3, potássio, silício e zinco. Por isso, consulte seu nutricionista. Este profissional prescreverá a fórmula mais adequada e individualizada às suas necessidades.

Não deixe a atividade física de lado

Certos tipos de exercício físico podem aumentar a massa muscular, o que, por sua vez, aumenta a força, o controle muscular, o equilíbrio e a coordenação. Bom equilíbrio e coordenação podem significar a diferença entre cair – e sofrer uma fratura – e ficar de pé. Fortes evidências mostram que a atividade física regular pode reduzir as quedas em quase um terço em idosos com alto risco de queda.

Com exercícios de força, como musculação, ginástica localizada e pilates, você desafia seus músculos trabalhando contra algum tipo de resistência, como halteres, elásticos ou até mesmo seu próprio peso corporal. Os exercícios de resistência dependem de contrações musculares que estimulam os ossos a depositar mais cálcio.

Atividade aeróbica também é interessante, não só para seu coração mas para seus ossos também. Correr, caminhar, dançar, subir escadas ou jogar tênis, golfe ou basquete são exemplos de atividades em que você precisará carregar o peso do corpo e trabalhar contra a gravidade. Isso contrasta com atividades sem peso, como natação ou ciclismo, onde a água ou a bicicleta suportam seu peso corporal. A força que você exerce para neutralizar a gravidade quando faz atividades de sustentação de peso é o que estimula os ossos a ficarem mais fortes. O impacto (saltar, trotar…) multiplica o efeito de sustentação de peso da gravidade. É por isso que atividades de alto impacto geralmente têm um efeito mais pronunciado no osso do que exercícios de baixo impacto.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tratamento da síndrome dos ovários policísticos

A síndrome do ovário policístico (SOP) é investigada quando a mulher tem queixas de irregularidade menstrual, aumento de pelos ou infertilidade. Exames de imagem mostrarão os cistos nos ovários. Entre as causas dos ovários policísticos estão o excesso de gordura corporal, a resistência à insulina, aumento de testosterona livre e diminuição dos níveis de SHBG.

Pelo menos metade das mulheres com a síndrome é obesa e estas são mais suscetíveis a apresentarem depósitos de cálcio na carótida, o que aumenta o risco cardiovascular (Shroff et al., 2007). A obesidade com resistência à insulina também aumenta o risco de alterações metabólicas, diabetes, dislipidemia, hipertensão.

O estresse também pode ser um gatilho para a síndrome dos ovários policísticos. Por isso, não adianta apenas cuidarmos do corpo. A mente deve ser também ser muito cuidada, com meditação, yoga, psicoterapia. Sem o adequado gerenciamento do estresse, é frequente que a mulher fique mais inflamada (o que piora o funcionamento dos ovários), mais compulsiva por alimentos doces (o que contribui para o ganho de peso) e mais reativa, mais estressada, com mais variações de humor. Tudo isso, aumenta ainda mais o risco de elevação da pressão sanguínea e de doenças cardiovasculares futuras. Não podemos nos esquecer de que também é essencial que o intestino esteja funcionando muito bem. Tratar a disbiose intestinal contribui para a modulação do cortisol, um hormônio associado ao estresse.

Como a desregulação da produção de insulina é muito comum a dieta deve ser antiinflamatória e de baixo índice glicêmico. Cacau e canela contém nutrientes que ajudam no controle da glicemia. Se associados com banana e aveia, podem contribuir também para a redução da compulsão alimentar (não tenha medo de alimentos com carboidratos e um bom perfil de nutrientes!).

Por fim, ao fazer seus exames (glicose em jejum, insulina, hemoglobina glicada, testosterona livre, cortisol salivar, etc) não esqueça de medir também a vitamina D. Sem ela a resistência à insulina piora, a inflamação piora, o risco de obesidade aumenta. Este nutriente e outros (como zinco, ômega-3), fitoterápicos (curcumina, chá de unha de gato, hibiscus, folha de amora etc) podem ser prescritos para que a síndrome possa ser melhor gerenciada. Tudo depende da suas necessidades e individualidade bioquímica.

Precisa de ajuda? Agende uma consulta online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cálcio, hipertensão e coronavírus: qual é a relação?

O metabolismo do cálcio pode estar alterado na hipertensão e, de fato, muitos pacientes com pressão arterial elevada beneficiam-se da suplementação de cálcio. Porém, em tempos de coronavírus isso pode ser um problema. Pessoas que estão suplementando cálcio precisam ter muito cuidado pois o excesso deste mineral aumenta receptores da ECA (enzima conversora de angiotensina) na superfície celular. O problema é que para infectar as células o Sars-Cov-2 utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2), presente nas células dos pulmões, rins e outros órgãos. Alguns remédios tomados por hipertensos elevam o nível destas enzimas, assim como cálcio, vitamina D e vitamina A. Por isso, suplemente apenas com recomendação médica/nutricional e nunca e altas dosagens.

A recomendação de cálcio varia de acordo com a idade e estado fisiológico. Neste momento, tente não ultrapassar estes valores. Se precisar de ajuda, consulte um nutricionista:

  • Bebês até 1 ano: 200 a 260 mg/dia, dependendo da idade

  • Crianças de 1 a 8 anos: 700 a 1.000 mg/dia, dependendo da idade

  • Crianças e adolescentes de 9 anos até 18 anos: 1.300 mg/dia

  • Adultos (19 a 50 anos): 1.000 mg/dia

  • Adultos de 51 a 70 anos: 1.000 mg/dia para homens e 1.200 mg/dia para mulheres

  • Adultos acima de 70 anos de idade: 1.200 mg/dia

  • Gestantes e lactantes: 1.000 mg/dia

  • Gestantes adolescentes: 1.300 mg/dia

Tratamento da hipertensão

O principal tratamento para a hipertensão é a mudança do estilo de vida. A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), originalmente proposta para diminuir a pressão arterial tem mostrado-se eficaz para a prevenção das doenças arteriais coronarianas. Caracteriza-se pelo aumento na ingestão de frutas, legumes, cereais integrais, produtos lácteos com baixo teor de gordura e nozes, e um baixo consumo de sódio, bebidas açucaradas e carne vermelha e processada (Yang, Yang & Duan, 2019). A dieta antiinflamatória e mediterrânea também tem tido ótimos resultados no tratamento das DAC (Schwingshackl et al., 2019).

O tipo de gordura consumida também parece influenciar no risco de hipertensão. O maior consumo de ômega-3 e ômega-6 parece diminuir o risco de hipertensão, enquanto gorduras saturadas de leites gordos e carnes, aumentam o risco de hipertensão e DAC. A maioria dos estudos da área também demonstram o benefício do aumento de magnésio e potássio (presente em frutas e verduras) e de uma menor ingestão de sódio/sal nos níveis de pressão arterial sistólica e diastólica. O magnésio relaxa os vasos e o potássio é necessário à regulação dos batimentos cardíacos. Suas reservas esgotam-se rapidamente em pessoas que usam diuréticos.

Em relação à fitoterapia, o chá de folha de oliveira pode ser usado para melhorar atividade cardíaca e do sistema circulatório. O espinheiro-branco (Crataegus) possui compostos ativos que favorecem a dilatação dos vasos sanguíneos e o alho reduz a viscosidade sanguínea e na inibição da agregação plaquetária.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/