Cálcio, hipertensão e coronavírus: qual é a relação?

O metabolismo do cálcio pode estar alterado na hipertensão e, de fato, muitos pacientes com pressão arterial elevada beneficiam-se da suplementação de cálcio. Porém, em tempos de coronavírus isso pode ser um problema. Pessoas que estão suplementando cálcio precisam ter muito cuidado pois o excesso deste mineral aumenta receptores da ECA (enzima conversora de angiotensina) na superfície celular. O problema é que para infectar as células o Sars-Cov-2 utiliza a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA-2), presente nas células dos pulmões, rins e outros órgãos. Alguns remédios tomados por hipertensos elevam o nível destas enzimas, assim como cálcio, vitamina D e vitamina A. Por isso, suplemente apenas com recomendação médica/nutricional e nunca e altas dosagens.

A recomendação de cálcio varia de acordo com a idade e estado fisiológico. Neste momento, tente não ultrapassar estes valores. Se precisar de ajuda, consulte um nutricionista:

  • Bebês até 1 ano: 200 a 260 mg/dia, dependendo da idade

  • Crianças de 1 a 8 anos: 700 a 1.000 mg/dia, dependendo da idade

  • Crianças e adolescentes de 9 anos até 18 anos: 1.300 mg/dia

  • Adultos (19 a 50 anos): 1.000 mg/dia

  • Adultos de 51 a 70 anos: 1.000 mg/dia para homens e 1.200 mg/dia para mulheres

  • Adultos acima de 70 anos de idade: 1.200 mg/dia

  • Gestantes e lactantes: 1.000 mg/dia

  • Gestantes adolescentes: 1.300 mg/dia

Tratamento da hipertensão

O principal tratamento para a hipertensão é a mudança do estilo de vida. A dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), originalmente proposta para diminuir a pressão arterial tem mostrado-se eficaz para a prevenção das doenças arteriais coronarianas. Caracteriza-se pelo aumento na ingestão de frutas, legumes, cereais integrais, produtos lácteos com baixo teor de gordura e nozes, e um baixo consumo de sódio, bebidas açucaradas e carne vermelha e processada (Yang, Yang & Duan, 2019). A dieta antiinflamatória e mediterrânea também tem tido ótimos resultados no tratamento das DAC (Schwingshackl et al., 2019).

O tipo de gordura consumida também parece influenciar no risco de hipertensão. O maior consumo de ômega-3 e ômega-6 parece diminuir o risco de hipertensão, enquanto gorduras saturadas de leites gordos e carnes, aumentam o risco de hipertensão e DAC. A maioria dos estudos da área também demonstram o benefício do aumento de magnésio e potássio (presente em frutas e verduras) e de uma menor ingestão de sódio/sal nos níveis de pressão arterial sistólica e diastólica. O magnésio relaxa os vasos e o potássio é necessário à regulação dos batimentos cardíacos. Suas reservas esgotam-se rapidamente em pessoas que usam diuréticos.

Em relação à fitoterapia, o chá de folha de oliveira pode ser usado para melhorar atividade cardíaca e do sistema circulatório. O espinheiro-branco (Crataegus) possui compostos ativos que favorecem a dilatação dos vasos sanguíneos e o alho reduz a viscosidade sanguínea e na inibição da agregação plaquetária.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/