Obesidade e HIV

A obesidade, as alterações metabólicas e as doenças crônicas são problemas crescentes entre as pessoas que vivem com HIV (Panza, Wing, & Wing, 2020). O aumento do peso pode gerar estresse físico, mental e emocional. Contudo, antes de iniciar a dieta é fundamental uma bateria de exames. A dieta deve também ser acompanhada pelo médico e nutricionista, uma vez que podem surgir efeitos colaterais.

Além de apoiar o emagrecimento, a dieta cetogênica possui outros benefícios para pacientes HIV positivos. Um estudo avaliou os efeitos cognitivos da dieta cetogênica em pacientes com comprometimento neurocognitivo associado ao vírus HIV. Adultos com mais de 50 anos e vivendo com HIV e comprometimento neurocognitivo leve a moderado foram divididos em dois grupos. Um seguiu a dieta cetogênica e outro seguiu uma dieta padrão por 12 semanas. Uma bateria de exames neurocognitivos foi realizada no início do estudo, após as 12 semanas de dieta e após 18 semanas.

O grupo que seguiu a dieta cetogênica com TCM apresentou melhor função executiva e velocidade de processamento na semana 12. Contudo, os benefícios desapareceram na 18a semana, depois que os pacientes retomaram às suas dietas habituais (Morrison et al., 2020).

DIETA CETOGÊNICA PASSO A PASSO.

LIPODISTROFIA E HIV

A lipodistrofia associada ao HIV é uma condição caracterizada pela redistribuição às vezes profunda da gordura corporal. A condição geralmente se apresenta com um afinamento distinto da face, nádegas ou extremidades, enquanto muitas vezes causa um acúmulo de gordura ao redor do abdômen, seios ou parte de trás do pescoço.

A lipodistrofia associada ao HIV tem sido frequentemente associada a alguns tipos de medicamentos antirretrovirais, incluindo inibidores de protease (PIs) e certos transcritores reversos de nucleosídeos, como Zerit (estavudina) e Videx (didanosina). A condição também pode ser uma consequência da própria infecção pelo HIV, afetando particularmente os pacientes que ainda não iniciaram a terapia antirretroviral.

Embora não haja cura para a lipodistrofia associada ao HIV, existem opções de tratamento que podem reverter alguns dos efeitos da redistribuição de gordura, bem como abordar alguns dos problemas de saúde relacionados a níveis elevados de colesterol e triglicerídeos no sangue. Entre as possíveis estratégias, destacam-se:

  • Trocar ou rodiziar os medicamentos. É importante saber que a lipodistrofia às vezes pode persistir mesmo após a interrupção das drogas antiretrovirais, embora a condição geralmente se estabilize com o tempo. Mudar para tenofovir ou qualquer regime baseado em tenofovir (por exemplo, Truvada, Genvoya) também pode reverter a lipoatrofia facial, de acordo com um número de pequenos estudos. Embora dificilmente conclusivo, o estudo apóia o uso de tenofovir ou abacavir (Ziagen) em casos de lipodistrofia grave, pois nenhum medicamento está normalmente associado à doença.

  • Prescrever Egrifta (tesamorelin) em casos de acúmulo de gordura no abdômen e no intestino. Egrifta é aprovado para o tratamento da lipodistrofia associada ao HIV no que se refere ao acúmulo de gordura visceral ao redor da barriga e órgãos internos do abdômen. Egrifta parece ter pouco ou nenhum efeito mensurável na perda/redistribuição de gordura no rosto, nádegas, mama, costas ou extremidades.

  • Dieta e exercício tendem a ajudar prontamente níveis mais baixos de gordura acumulada e altearções nos níveis colesterol de colesterol, pelo uso de inibidores de protease. Além disso, contribuem para aumento da massa muscular magra nos braços, pernas e nádegas.

  • Reduzir o consumo de carboidratos reduz insulina e diminui a circunferência abdominal. A dieta cetogênica tem sido indicada neste caso.

  • Tome medicamentos hipolipemiantes para reduzir os níveis de triglicerídeos e colesterol e reduzir a gravidade da lipodistrofia.

  • Converse com o endocrinologista sobre o uso do hormônio liberador de hormônio do crescimento (GHRH), especialmente se estiver perdendo muita massa magra.

  • Produtos injetáveis ​​como Sculptra (ácido poli-L-láctico) e Radiesse (hidroxiapatita de cálcio) são frequentemente usados ​​no caso de pacientes que perderam muito volume na face.

  • A lipoaspiração é frequentemente explorada como opção para remoção de gordura acumulada na parte de trás do pescoço.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Pacientes com HIV (VIH) envelhecem mais rápido - estratégias de combate

A maior parte dos novos casos de HIV está na faixa etária entre 25 e 39 anos para ambos os sexos, quando as pessoas deveriam estar no ápice de sua capacidade vital. Contudo, indivíduos com HIV precisam redobrar os cuidados com a saúde. Além da terapia retroviral, precisam adotar um estilo de vida muito saudável ou envelhecerão bem mais rapidamente do que o normal.

Todos os cromossomos das células humanas apresentam uma estrutura denominada telômero, que protege o material genético. Em condições normais de envelhecimento, toda vez que uma célula se replica, os telômeros encurtam até que a célula perca completa ou parcialmente a sua capacidade de divisão, culminando com a doença e a morte. A síntese de telômeros depende da enzima telomerase, uma transcriptase reversa (TR). Os inibidores da transcriptase reversa usados no tratamento do HIV causam disfunção mitocondrial, estresse oxidativo e defeitos no DNA mitocondrial, que encurtam telômeros e aceleram o envelhecimento.

Com o envelhecimento acelerado o risco de doenças também aumenta, incluindo problemas cardiovasculares, questões gastrointestinais, problemas hepáticos e hormonais, diabetes e câncer. A incidência de desordens cognitivas também aumenta co nos infectados pelo HIV e com a idade do paciente

A boa nutrição é capaz de atrasar a velocidade de envelhecimento, pelo combate à inflamação, ao estresse oxidativo, à disfunção mitocondrial. Os pacientes também precisam adotar uma prática regular de atividade física para a preservação da musculatura e melhoria do funcionamento geral do organismo.

Estratégias adequadas fortalecem o sistema imune, melhoram a composição corporal, reduzem o risco de doenças crônicas não transmissíveis, previnem a disbiose intestinal e regulam o humor. A adoção de dieta antiinflamatória, de estilo mediterrâneo, com baixo teor de gordura saturada, associado à atividade física contribui para a manutenção de um peso saudável, para a redução da medida da cintura, para a estabilização da glicemia, redução da pressão arterial, melhoria da autoestima, redução da inflamação e prevenção do diabetes. O ideal é que todo paciente passe por uma avaliação nutricional completa. Caso observem-se carências nutricionais a suplementação adequada deverá ser prescrita.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Redução do risco de diabetes em pacientes com HIV

A terapia anti-retroviral, usada para suprimir a replicação do vírus HIV, melhorou significativamente a expectativa de vida das pessoas portadoras desta doença. No entanto, alguns medicamentos antirretrovirais estão associados a um risco aumentado de diabetes tipo 2 e várias outras comorbidades crônicas por meio da interferência no transportador de glicose GLUT-4, sinalização de potássio dentro das células β e supressão da gliconeogênese hepática endógena. O próprio vírus HIV confere risco específico para Diabetes tipo 2, por aumentar o estado inflamatório do corpo. Isto agrava-se em pacientes que estão acima do peso adequado.

Estudos mostram que alimentação adequada e atividade física reduzem o risco de diabetes em toda a população, inclusive em pacientes HIV positivos. Contudo, observam-se barreiras específicas para a adoção de uma vida saudável neste grupo, incluindo estigma, isolamento e imagem corporal negativa (Duncan et al., 2019)

A adoção de dieta antiinflamatória, estilo mediterrâneo, com baixo teor de gordura saturada e associado à exercício físico para redução do peso e medida da cintura contribuem para a estabilização da glicemia, redução da pressão arterial, melhoria da autoestima, redução da inflamação e prevenção do diabetes. O ideal é que todo paciente passe por uma avaliação nutricional completa. Caso observem-se carências nutricionais a suplementação adequada deverá ser prescrita.

Orientações básicas para equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue

  • Substitua carboidratos simples por carboidratos complexos. Troque arroz branco, farinha branca, açúcar, doces por arroz integral, quinoa, pães 100% integrais, farelo de aveia, farinha de amêndoas, frutas de baixo índice glicêmico.

  • Troque a batata inglesa pela batata doce e pela batata yacon.

  • Troque as frituras por alimentos assados e cozidos.

  • Reduza o consumo de álcool.

  • Troque margarina por azeite.

  • Troque óleo de soja por óleo de girassol ou azeite ou óleo de coco.

  • Consuma boas fontes de ômega-3 como linhaça, chia, cânhamo e peixes do mar (salmão, sardinha, atum, bacalhau…).

  • Consuma uma abundância de vegetais na salada, na sopa, no suco verde.

  • Não fume.

  • Substitua temperos processados (como caldos de carne e molhos para salada) por temperos naturais como orégano, açafrão, pimenta, alho, cebola, canela, cravo, alecrim, manjerona, cominho, salsinha, manjericão, sálvia, gengibre, tomilho, hortelã.

Frutose faz mal?

A frutose é o açúcar natural das frutas. Muita gente houve a palavra açúcar e entra em pânico. Mas calma! A frutose não estimula tanto a secreção de insulina como o açúcar na forma de sacarose. Além disso, na fruta, a frutose está embalada em fibras, vitaminas e minerais. É diferente de comer açúcar puro ou consumir um suco açucarado. Tudo está na quantidade. Nenhum diabético vai comer 10 frutas ao mesmo tempo. Mas não precisa abandoná-las. Frutas como morango, mirtilo, pêssego, amora, ameixa, maçã, açaí podem ser muito bem-vindas na vida do diabético.

O diabético deve acompanhar diariamente a glicemia usando um glicosímetro. Também deve fazer exames regulares como glicemia em jejum, insulina em jejum, hemoglobina glicada, frutosamina, triglicerídeos, ácido úrico e proteína C-reativa. Estes exames ajuda o nutricionista na individualização da dieta. Isto vale tanto para quem tem HIV, quanto para quem não tem.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/