Redução do risco de diabetes em pacientes com HIV

A terapia anti-retroviral, usada para suprimir a replicação do vírus HIV, melhorou significativamente a expectativa de vida das pessoas portadoras desta doença. No entanto, alguns medicamentos antirretrovirais estão associados a um risco aumentado de diabetes tipo 2 e várias outras comorbidades crônicas por meio da interferência no transportador de glicose GLUT-4, sinalização de potássio dentro das células β e supressão da gliconeogênese hepática endógena. O próprio vírus HIV confere risco específico para Diabetes tipo 2, por aumentar o estado inflamatório do corpo. Isto agrava-se em pacientes que estão acima do peso adequado.

Estudos mostram que alimentação adequada e atividade física reduzem o risco de diabetes em toda a população, inclusive em pacientes HIV positivos. Contudo, observam-se barreiras específicas para a adoção de uma vida saudável neste grupo, incluindo estigma, isolamento e imagem corporal negativa (Duncan et al., 2019)

A adoção de dieta antiinflamatória, estilo mediterrâneo, com baixo teor de gordura saturada e associado à exercício físico para redução do peso e medida da cintura contribuem para a estabilização da glicemia, redução da pressão arterial, melhoria da autoestima, redução da inflamação e prevenção do diabetes. O ideal é que todo paciente passe por uma avaliação nutricional completa. Caso observem-se carências nutricionais a suplementação adequada deverá ser prescrita.

Orientações básicas para equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue

  • Substitua carboidratos simples por carboidratos complexos. Troque arroz branco, farinha branca, açúcar, doces por arroz integral, quinoa, pães 100% integrais, farelo de aveia, farinha de amêndoas, frutas de baixo índice glicêmico.

  • Troque a batata inglesa pela batata doce e pela batata yacon.

  • Troque as frituras por alimentos assados e cozidos.

  • Reduza o consumo de álcool.

  • Troque margarina por azeite.

  • Troque óleo de soja por óleo de girassol ou azeite ou óleo de coco.

  • Consuma boas fontes de ômega-3 como linhaça, chia, cânhamo e peixes do mar (salmão, sardinha, atum, bacalhau…).

  • Consuma uma abundância de vegetais na salada, na sopa, no suco verde.

  • Não fume.

  • Substitua temperos processados (como caldos de carne e molhos para salada) por temperos naturais como orégano, açafrão, pimenta, alho, cebola, canela, cravo, alecrim, manjerona, cominho, salsinha, manjericão, sálvia, gengibre, tomilho, hortelã.

Frutose faz mal?

A frutose é o açúcar natural das frutas. Muita gente houve a palavra açúcar e entra em pânico. Mas calma! A frutose não estimula tanto a secreção de insulina como o açúcar na forma de sacarose. Além disso, na fruta, a frutose está embalada em fibras, vitaminas e minerais. É diferente de comer açúcar puro ou consumir um suco açucarado. Tudo está na quantidade. Nenhum diabético vai comer 10 frutas ao mesmo tempo. Mas não precisa abandoná-las. Frutas como morango, mirtilo, pêssego, amora, ameixa, maçã, açaí podem ser muito bem-vindas na vida do diabético.

O diabético deve acompanhar diariamente a glicemia usando um glicosímetro. Também deve fazer exames regulares como glicemia em jejum, insulina em jejum, hemoglobina glicada, frutosamina, triglicerídeos, ácido úrico e proteína C-reativa. Estes exames ajuda o nutricionista na individualização da dieta. Isto vale tanto para quem tem HIV, quanto para quem não tem.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/