Arginina na nutrição de pacientes críticos

O aminoácido arginina desempenha um papel intrincado na cicatrização de feridas, produção de óxido nítrico, função, proliferação e maturação dos linfócitos T.

Todos esses três papéis fisiológicos são importantes para um paciente gravemente enfermo e, especialmente, para pacientes sépticos. As alterações metabólicas complexas observadas na sepse que contribuem para a redução da disponibilidade de citrulina e arginina sugerem que a suplementação de arginina poderia ser benéfica na população séptica altamente estressada.

Apesar disso, estudos não conseguiram demonstrar que a suplementação do aminoácido consiga reduzir mortalidade ou número de infecções em pacientes críticos.

Revisão publicada em 2016 mostrou que a suplementação de arginina não alterou a produção de óxido nítrico, apesar das evidências de que a sepse é um estado de deficiência de arginina. Por outro lado, a suplementação foi segura, não gerando alterações hemodinâmicas, mesmo em doses altas (Rosenthal et al., 2016).

Um ensaio clínico aleatorizado publicado em 2020 comparou pacientes criticamente enfermos com diagnóstico de choque séptico que tomaram um placebo, L-arginina-HCL ou L-alanina. Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à microcirculação, parâmetros de perfusão da pele, na hemodinâmica global e no metabolismo de proteínas.

Os autores concluíram que a administração intravenosa prolongada de L-arginina não melhora a perfusão local e a função do órgão, apesar de um aumento na síntese de óxido nítrico. Como houve aumento da pressão intra-abdominal no grupo suplementado com arginina, os autores recomendam aplicação cuidadosa e pesquisas adicionais, especialmente no estágio inicial do choque séptico (Luiking, Poeze, & Deutz, 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Proteína na nutrição enteral

Embora estudos observacionais sugiram que quantidades ótimas e provisão oportuna de ingestão de proteínas estão associadas a complicações infecciosas reduzidas, menor duração da ventilação mecânica e redução da mortalidade, estes estudos oferecem dados limitados.

Disponibilizo no vídeo abaixo a recomendação mais atual para proteína e energia no caso dos pacientes críticos, em unidade de terapia intensiva.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Ligação Intestino-Cérebro na Síndrome de Down

As comunidades de bactérias intestinais evoluíram ao longo de milhões de anos junto com os seres humanos. A microbiota ajuda-nos a digerir fibras alimentares, produz alguns neurotransmissores importantes, hormônios, enzimas e vitaminas. No entanto, a microbiota desequilibrada aumenta a inflamação corporal e o risco de algumas doenças como obesidade, diabetes e até doença de Alzheimer (Kowalski & Mulak, 2019). Isto acontece pois a microbiota também tem um papel epigenético, alterando a expressão de genes.

A metilação do DNA e as modificações das histonas (conversaremos sobre isso no grupo de estudos) são marcas epigenéticas parcialmente reguladas por enzimas como metilases e acetilases, cuja atividade depende dos metabólitos do hospedeiro e produzidos pela microbiota intestinal. Contudo, alterações na microbiota geram reduções na produção de butirato, por exemplo.

O butirato ajuda a determinar quando e onde certos genes presentes em células intestinais serão expressos. Garante, por exemplo, a expressão apropriada das proteínas que são necessárias para formar junções entre as células intestinais, não permitindo que alimentos mal digeridos, alérgenos, pedaços de bactérias ou substâncias inflamatórias cheguem à corrente sanguínea. Quando isso não acontece, várias substâncias podem navegar pela corrente sanguíneo até o cérebro. A principal causa do desequilíbrio da microbiota intestinal (disbiose) é a dieta inadequada.

Intestino e cérebro possuem redes neurais complexas que comunicam-se constantemente. Agora, em tempos de coronavírus, ainda não temos dados suficientes para dizer o que acontece no intestino de uma pessoa infectada e que impacto isto terá no sistema nervoso. Porém, sabemos que um dos sintomas da infecção é a diarreia. E que existem também manifestações neurológicas do coronavírus, como dor de cabeça, tontura, alteração no estado de consciência e perda de paladar e/ou olfato. Ou seja, o novo coronavírus parece afetar tanto cérebro quanto o sistema nervoso (Mao et al., 2020).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/