Dieta cetogênica no tratamento do diabetes tipo 2 e Alzheimer

Recentemente, foi relatado que o diabetes mellitus tipo 2 (DM2) está fortemente associado ao declínio cognitivo. Isto deve-se, em parte, à resistência insulínica cerebral. Este é um dos motivos pelos quais a doença de Alzheimer é conhecida também como diabetes tipo 3.

A sinalização da insulina e o número de receptores de insulina podem diminuir no cérebro de pacientes com intolerância à glicose e diabetes, resultando em formação sináptica, plasticidade neuronal e metabolismo mitocondrial prejudicados. Em pacientes com Alzheimer, o hipometabolismo da glicose no cérebro é observado mesmo antes do início dos sintomas.

A glicose é importante para o metabolismo de diferentes tecidos. Uma vez que um receptor de insulina é ativado, a fosforilação do substrato do receptor de insulina (IRS) é desencadeada. Em seguida, a fosfoinositídeo 3-quinase (PI3K) e a proteína quinase-1 dependente de fosfoinositídeo (PDK-1) são ativadas, resultando na ativação da proteína quinase B (Akt). A Akt ativada promove várias cascatas a jusante e influencia a plasticidade sináptica, bem como a biogênese mitocondrial.

Se o cérebro não funciona bem, não há nem boa plasticidade e as mitocôndrias passam a funcionar mal, liberando radicais livres e aumentando a inflamação cerebral. Para defender-se o cérebro fabrica mais amilóide (Takeishi et al., 2021).

A dificuldade no uso de açúcares leva o cérebro a responder protegendo-se. Para isto fabrica um excesso de proteína beta-amilóide. O problema é que esta proteína vai acumulando-se ao longo de décadas. Acredita-se que uma forma desta proteína, a beta-amilóide 42, seja especialmente tóxica para o cérebro, aglomerando-se para formar placas que interrompem o adequado funcionamento dos neurônios.

O metabolismo da glicose dentro do padrão é mostrado nas imagens mais à esquerda. As setas indicam alto metabolismo próximo ao córtex pré-frontral e giro cingulado posterior. A doença de Alzheimer está consistentemente associada à redução progressiva do metabolismo da glicose (BUCKNER et al., 2008).

Uma forma de atrasar e impedir a deterioração da memória é adotando uma dieta de características cetogênicas. Portanto, a mudança do metabolismo da glicose para o metabolismo da cetona pode ser um caminho razoável para a proteção neuronal. Um cérebro saudável depende de escolhas saudáveis. Escrevi um artigo sobre o tema para site da mybest Brasil e lá você encontra 7 dicas de vídeos e livros para aprender a cuidar muito melhor do seu cérebro.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O poder das plantas na prevenção e tratamento do diabetes

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Diabéticos sabem que não podem abusar de carboidratos, que devem limitar o consumo de carboidratos simples. Mas agora há uma tendência que me preocupa: a exclusão dos carboidratos da dieta. Nosso metabolismo não é tão simples e nosso cérebro, coração, rins dependem de carboidratos. Dietas que excluem carboidratos reduzem significativamente o consumo de nutrientes e compostos protetores como fibras, vitaminas, minerais, fitoquímicos. Pessoas com menor consumo de carboidratos possuem pior flora intestinal e maior inflamação, o que piora o controle glicêmico. Fora isso, dietas pobres em carboidratos são ricas em gorduras. E estudos de quase 90 anos mostram que o consumo excessivo de gorduras também desequilibra a glicemia.  

Quando a quantidade de gordura dentro dos músculos é grande há maior produção de ceramidas e radicais livres que bloqueiam a cascata bioquímica para que açúcares entrem nas células. Com isso desenvolve-se a resistência ao hormônio insulina (Krssak et al., 1999; Roden et al., 1996; Samuel e Shulman 2012). Diminuindo-se a quantidade de gorduras no plasma a resistência à insulina diminui (Santomauro et al., 1999). Esta é uma das explicações para a ineficácia a longo prazo de dietas cetogênicas para o controle da resistência à insulina e diabetes tipo 2. 

O tipo de gordura da dieta também influencia a resistência à insulina (Craegen e Cooney, 2008). Gorduras saturadas presentes em laticínios e carnes devem ser consumidas com moderação pois causam maior lipotoxicidade do que gorduras monoinsaturadas (azeite, abacate) e poliinsaturadas do tipo ômega-3 (peixes, linhaça). O metabolismo da gordura saturada  gera maior produção de radicais livres, inflamação e disfunção mitocondrial (Craegen e Cooney, 2008; Evans, 2013; Martins et al., 2012Nolan e Larter, 2009). Outras doenças relacionadas com a lipotoxicidade de gorduras saturadas e trans são alergias, aterosclerose, hipertensão, hipertrofia do miocárdio, doenças autoimunes e certos tipos de câncer (Estadella et al., 2013).

Experimentos que substituem na dieta alimentos industrializados (para redução da gordura trans) e alimentos de origem animal (para redução das gorduras saturada e trans) por alimentos de origem vegetal (para aumento de gorduras mono e poliinsaturadas, fibras, vitaminas, minerais e fitoquímicos) observam a melhoria da sensibilidade à insulina (Vessby et al., 2001) e da atividade mitocondrial (Karlic et al., 2008). Estudos mostram que vegetarianos possuem melhor sensibilidade à insulina do que onívoros (pessoas que consomem todo tipo de comida) de mesmo peso e idade (Chiu et al., 2014Goff et al., 2005; Gojda et al., 2013; Tonstad et al., 2013). Dietas vegetarianas ricas em fibras ajudam até a reduzir o uso de insulina em diabéticos tipo 1 (Anderson e Ward, 1979). Diabéticos possuem maior mortalidade e o alto consumo de carnes, laticínios aumenta a mortalidade precoce em 73 vezes enquanto o consumo moderado de alimentos de origem animal aumenta a mortalidade precoce em 23 vezes! (Levine et al., 2014). 

Além de aumentar o consumo de frutas e verduras e reduzir o consumo de proteínas de origem animal comer apenas o que o corpo precisa é fundamental. Mais sobre este assunto no curso Alimentação Consciente.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A diabetes tipo 2 pode ser revertida?

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/