Os órgãos estão sempre se comunicando

Para a manutenção da homeostase (equilíbrio do corpo) todos os órgãos precisam se comunicar. Quando a comunicação órgão-órgão é prejudicada, as doenças começam a aparecer, uma após a outra. Por exemplo, quando o fígado não está bem, começa a liberar hepatocinas, proteínas de sinalização que afetam negativamente a saúde de vários outros órgãos.

O fígado desempenha uma série de funções essenciais relacionadas à desintoxicação, armazenamento de nutrientes, digestão, metabolismo e imunidade. Doenças hepáticas, incluindo hepatite viral, doença hepática gordurosa não alcoólica, doença hepática alcoólica, hepatite autoimune, fibrose e doença hepática terminal, são responsáveis por aproximadamente 2 milhões de mortes por ano em todo o mundo.

Todas estas doenças apresentam complicações extra-hepáticas evidentes. Obviamente há um eixo intestino-fígado-cérebro que influencia digestão, absorção de nutrientes, inflamação e risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e certos tipos de câncer.

O papel das hepatocinas

Os hepatócitos (células do fígado) secretam mais de 560 tipos de hepatocinas, muitas das quais regulam doenças metabólicas e inflamatórias no órgão ou em órgãos distantes, por meio da circulação. Em situações desafiadoras, como na desnutrição ou supernutrição (tanto comer pouco, quanto comer muito é problemático), o fígado pode secretar hepatocinas para influenciar a homeostase energética e a inflamação.

Uma hepatocina recentemente identificada é a adropina, um pequeno peptídeo envolvido na manutenção da homeostase energética e resistência à insulina. Seu nível plasmático está positivamente correlacionado com o estado nutricional, ou seja, regulado positivamente durante a alimentação e regulado negativamente pelo jejum.

Pacientes com esteatose hepática, obesidade e doenças cardiovasculares apresentam baixos níveis de adropina, indicando que esse peptídeo está associado a distúrbios metabólicos. Em camundongos, a eliminação da adropina leva a um aumento do acúmulo de gordura, elevação do colesterol e aumento da resistência insulínica. A expressão da adropina cai progressivamente com o avanço da idade. Adotar uma dieta adequada, antiinflamatória e protetora do fígado é importante para restaurar os níveis de adropina e melhorar a saúde geral.

Outra hepatocina é o angiotensinogênio (AGT), proteína que ajuda a regular a pressão arterial e o metabolismo água/sódio. Como hepatocina, o angiotensinogênio (AGT) é o único precursor de todos os peptídeos da angiotensina. Também desempenha um papel crítico na patogênese da obesidade e da aterosclerose. Dieta rica em gordura por 14 semanas aumen ta AGT e aterosclerose em camundongos. Manter peso sob controle e adotar dieta antiinflamatória melhora a saúde cardíaca e contribui para a redução do risco de várias doenças metabólicas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/