Práticas complementares no tratamento da compulsão alimentar

O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) é uma doença grave que pode ter um impacto negativo significativo na saúde física e emocional. É o tipo mais comum de transtorno alimentar, sendo caracterizado por episódios repetidos de compulsão alimentar compulsiva (quantidades muito maiores que o normal e sentimentos de vergonha e angústia.

Geralmente começa no final da adolescência ou início da idade adulta, embora possa ocorrer em qualquer idade. É uma doença crônica e pode durar muitos anos, se não tratada. O diagnóstico leva em consideração a existência de pelo menos três dos fatores abaixo:

  • Comer muito mais rapidamente que o normal;

  • Comer até ficar desconfortavelmente cheio;

  • Comer grandes quantidades sem sentir fome;

  • Comer sozinho devido a sentimentos de constrangimento e vergonha;

  • Sentimentos de culpa ou desgosto consigo mesmo.

Embora seja normal o exagero em algumas ocasiões (como no natal), no TCAP os episódios compulsivos acontecem pelo menos uma vez por semana, durante um mínimo de três meses. A gravidade varia de leve, que é caracterizada por um a três episódios de compulsão alimentar por semana, ao extremo, que é caracterizado por 14 ou mais episódios por semana.

As causas do TCAP não são bem compreendidas, mas provavelmente engloba:

  • Genética: Pessoas com TCAP podem ter sensibilidade aumentada à dopamina, que é responsável por sentimentos de recompensa e prazer. Há também fortes evidências de que o distúrbio é herdado. Podem também ter polimorfismo do gene LEPR;

  • Gênero: TCAP é mais comum em mulheres do que homens. Pode estar relacionada à fatores biológicos e pressões sociais. Mulheres com TCAP costuma ter uma imagem corporal muito negativa. É uma via de mão duplas, em que a insatisfação gera compulsão e a compulsão gera mais insatisfação.;

  • Mudanças no cérebro: Há indícios de que pessoas com TCAP podem ter alterações na estrutura cerebral que resultam em respostas elevadas aos alimentos e menos autocontrole;

  • Trauma emocional: eventos de vida estressantes, como abuso, morte, separação de um membro da família ou acidente também são considerados fatores de risco;

  • Associação com outros fatores psicológicos como fobias, depressão, estresse pós-traumático, bipolaridade, ansiedade ou abuso de substâncias;

  • Tentativas frustradas de emagrecimento. Um episódio de compulsão alimentar pode ser desencadeado por dieta restritiva e desbalanceada.

O tratamento clássico envolve o uso de antidepressivos, ansiolíticos e terapia comportamental. Dentro das práticas complementares destacam-se a fitoterapia, o Ayurveda, aromaterapia e a alimentação consciente com técnicas de mindfulness.

O Ayurveda sugere que a compulsão por doces, alimentos cremosos e ricos em carboidratos indica um desequilíbrio do biotipo Vata. Para preencher o corpo sem comida pessoas Vata devem ouvir música, estar com os amigos, utilizar óleo essencial de laranja, abraçar as pessoas queridas. Desejos por alimentos salgados (como batata fritas) indicam desequilíbrio de Pitta. Para reequilibrar Pitta indica-se o óleo essencial de sândalo ou hortelã, caminhadas no final da tarde, pintura. Desejo por chocolate, cafeína indica desequilíbrio de Kapha. Para reequilibrar este dosha indica-se chá de gengibre, óleo essencial de alecrim ou cravo, atividades animadas e energizantes. Para aprender mais sobre as constituições corporais e como pacificar cada dosha clique aqui.

O importante é entender o próprio corpo, conectar-se a ele. A vontade de comer doce pode existir. Mas comer uma caixa inteira de chocolates ou um pote inteiro de nutella mostra uma desconexão com o corpo e com a mente. Não é uma vontade genuína pelo prazer do alimento. Vencer a compulsão é um processo, um exercício. As técnicas de alimentação consciente ensinam à entender a fome e a saciedade, a apreciar o alimento, a buscar prazer em outras coisas. Em paralelo, precisamos aprender a gerenciar as emoções, a sentir desconfortos. Está tudo bem em sentir-se triste, às vezes. Não precisa tapar a emoção com um saco inteiro de balas. Perceba o que dói, porque dói e o que pode de fato fazer para sentir-se melhor.

Se quiser comer, coma sem culpa, o que é diferente de comer sem limites. A responsabilidade de cuidar de seu corpo é sua, fornecendo a ele substâncias suficientes que atendam à suas demandas energéticas, protéicas e de nutrientes importantes para a formação de neurotransmissores que ajudarão a controlar a compulsão. Saiba mais aqui.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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