Em que medida o contato com toxinas ambientais aumenta o risco de doenças?

Existem dezenas de milhares de produtos químicos em nosso ambiente. Chegam a nós pelos alimentos, pelo ar que inspiramos, pela água, pelos produtos de limpeza ou higiene que utilizamos. Alguns destes produtos químicos são produzidos pela indústria farmacêutica, podendo fornecer alívio para doenças. Outros ajudam a reduzir o risco de propagação de doenças. Porém, muitas substâncias que chegam a nós na verdade podem estar afetando nossa saúde de forma negativa.

Como o seu corpo está reagindo ao contato com todas estas substâncias químicas? Em que medida condições como autismo, diabetes, obesidade, doenças cardíacas e Alzheimer são influenciados por esta exposição tóxica? O exposoma é também definido como a totalidade das exposições ambientais a qual fomos expostos desde a concepção (Wild, 2005).  Semelhante ao projeto genoma humano, que mapeou o material genético há agora um projeto também denominado exposoma, que estuda a relevância do ambiente em nossas vidas.

Não podemos controlar várias das exposições tóxicas mas podemos pensar nos alimentos que consumimos. Estão cheios de pesticidas? São naturais ou foram manipulados pela indústria?

Os alimentos interagem com nosso DNA e geram oportunidades para prevenção pou abrem as portas para novas doenças. O alimento pode ser fonte de substâncias protetoras ou estressoras.

Um exemplo de refeição estressora é o alimento fast food, rico em açúcar, sódio e gorduras inflamatórias. O corpo, para lidar, com o estímulo excessivo gera respostas compensatórias, ativando o sistema imune, cardiovascular e neuroendócrino. A exposição repetitiva a toxinas ambientais e alimentares desregula o metabolismo e pode gerar maiores danos celulares.

Para Di Renzo e colaboradores (2017) quando uma única refeição no estilo McDonald's® entra no trato gastrointestinal de indivíduos saudáveis, pode promover estresse oxidativo e aumentar a expressão de genes inflamatórios. Produtos de glicação avançada (AGEs), compostos altamente oxidantes formados através da reação não enzimática entre açúcares redutores e aminoácidos livres, são encontrados em altos níveis em fast-foods (Uribarri et al., 2010). Em uma revisão sistemática sobre os efeitos do consumo de fast-food, foi relatado que os níveis sanguíneos da citocina inflamatória IL-6 aumentaram, podem aumentar em até 100% apósuma única refeição (Emerson et al. al., 2017).

Ao contrário, refeições saudáveis reduzem marcadores inflamatórias e o risco de danos celulares (Cano et al., 2017, Inoue et al., 2014). A dieta mediterrânea, por exemplo, reduz marcadores sanguíneos da inflamação e eleva os antioxidantes (Blum et al., 2006, Peluso et al. , 2014).

A genética sozinha não pode explicar o rápido aumento nas taxas globais de doenças não transmissíveis. Com o tempo, as respostas cumulativas agudas a cada refeição em seu contexto ambiental total são importantes. Estudos tentam hoje avaliar, por exemplo, em que medida a exposição dos pais a alimentos do tipo fast-food influenciam depois a vida de seus bebês. As crianças já nasceriam com uma sobrecarga e aumento do risco de desenvolvimento de doenças? Estudos sobre mecanismos epigenéticos de desenvolvimento de doenças acreditam que sim.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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