Cérebro GABAérgico é mais tranquilo e jovem

Estudos mostram que a religiosidade tanto protege os indivíduos contra a depressão, quanto contribui para a cura mais rápida (Anderson et a., 2015; Ronneberg et al., 2016). O tamanho dos telômeros também é maior naqueles que praticam alguma religião (Hill et al., 2016). Telômeros protegem as células contra o envelhecimento. Fé é a crença em um conjunto de ideias e crenças de determinada religião ou doutrina.

Existem diferentes religiões no mundo, com maior ou menor número de adeptos em suas crenças:

  • Cristãos - 2,2 bilhões de pessoas

  • Islamismo - 1,6 bilhões

  • Budismo - 376 milhões

  • Hinduísmo - 900 milhões

  • Judaísmo - 15 milhões

Existem muitas outras religiões no mundo. Além disso, existem práticas xamânicas, meditativas, corporais que não se enquadram em religiões formais, mas que são práticas espirituais que podem ter efeitos similares. Por exemplo, cada povo indígena brasileiro tem o seu próprio sistema de crenças, com seus rituais, seus deuses e suas lendas. Uma característica dos cultos dos povos indígenas é a figura do xamã – o pajé (pai’é), em tupi-guarani. Este líder espiritual, através do transe, entra em contato com os espíritos dos antepassados e seres sobrenaturais. A sua principal função é a cura.

Há também evidências que outras práticas combinadas (meditação, respiração, movimento), como vemos no yoga, geram efeitos muito positivos no corpo. Estudo mostrou que pacientes com doença inflamatória intestinal apresentam menos inflamação e disbiose após 6 meses de yoga (Gerbarg et al., 2015).

Uma das explicações é que práticas que relaxam (rezar, meditar, respirar lentamente, movimentar-se com consciência) ativam o nervo vago. Um dos efeitos é a liberação de GABA, um neurotransmissor mais relaxante. Um cérebro GABAérgico é mais tranquilo, menos propenso a desespero, à depressão.

Importância da ativação do nervo vago para o controle da inflamação e saúde mental (Breit et a., 2018)

Independentemente da religião ou prática adotada, o que importa para o efeito benéfico na saúde é que traga bem-estar espiritual. A sensação de sentido ou propósito na vida, paz interna e harmonia. O bem-estar espiritual é a percepção de força e conforto fornecidos pela fé (Fitchett et a., 1996). Quanto maior o bem-estar espiritual, maior é também a liberação de GABA e o efeito benéfico no sistema nervoso central e no corpo físico.

Estudos mostram que a sensação de bem-estar espiritual, por meio de questionário validado, correlacionou-se com menor pressão arterial, redução da proteína C-reativa (marcador de inflamação), e menor glicemia (Holt-Lunstad et al, 2011), menor cortisol, menor pontuação em testes de depressão (Mihaljević et al., 2011), melhor imunidade (Dalmida et al., 2009).

Menos GABA aumenta o estresse que reduz GABA. É um ciclo vicioso. Um estudo mostrou que mulheres com os níveis mais altos de estresse percebido têm telômeros mais curtos, acelerando o envelhecimento em pelo menos uma década em comparação com mulheres com baixo estresse (Epel et al., 2004).

Quando a fé desvaloriza a ciência

Após uma doença, os resultados positivos são frequentemente atribuídos pelos pacientes e familiares dos pacientes ao poder de Deus. Mas quando o paciente não é curado há uma forte tendência de culpar os profissionais de saúde, especialmente os médicos intensivistas, pelos resultados negativos. Isto acontece no câncer, em cirurgias, aconteceu durante a pandemia também. Mas não vem de hoje.

Hipócrates, o pai da medicina, floresceu no século V aC. Em uma das cartas ao amigo Demócrito, Hipócrates afirma que era comum que bons resultados fossem atribuídos à intervenção divina e falhas a serem cobradas dos cuidadores:

“A maioria das pessoas não elogia os sucessos da ciência médica e muitas vezes os atribui aos deuses. Mas se a natureza é recalcitrante e enfraquece o paciente, então eles culpam o médico e passam por cima do divino. Eu acho que a ciência médica recebe mais reprovação do que honra.”

Isso é especialmente verdadeiro se os médicos encontram resultados que não podem explicar usando critérios e termos naturais, como remissões espontâneas de malignidades incuráveis. Se há ou não cura pela fé, é um tema a ser debatido. Contudo, a gratidão em relação ao trabalho e anos de estudo dos profissionais de saúde é fundamental.

Importância da gratidão nos estudos

A gratidão é o sentimento de reconhecimento experimentado por uma pessoa em relação a alguém que lhe concedeu algum favor, um auxílio ou benefício qualquer. Estudos mostram que pessoas mais gratas possuem menos marcadores inflamatórios na corrente sanguínea, como IL-6, TNF-alfa, Proteína C-reativa, interferon gama, dentre outros. Também apreentam melhor qualidade do sono, mais bom humor, menos fadiga (Mills et al., 2015).

TÉCNICAS PARA ESTIMULAR O NERVO VAGO

1) SOM

- Encontre um local calmo

- Coloque sua música ou mantra favorito (KALYANI, et al, 2011).

- Feche os olhos

- Cante junto

2) YOGA

A respiração lenta, a entoação de mantras como o OM, as posturas (ásanas) e as técnicas de concentração ajudam a ativar o nervo vago (STREETER et al. 2010).

3) MODULAÇÃO INTESTINAL

CURSO COMPLETO DE MODULAÇÃO INTESTINAL

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Dá para suplementar GABA?

O ácido gama-aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor inibitório com efeito calmante e relaxante no cérebro. Sem ele ficamos sempre acelerados demais. O GABA é sintetizado a partir do aminoácido glutamato com a ajuda da enzima glutamato descarboxilase (GAD) e piridoxal fosfato (a forma ativa da vitamina B6) como o cofator principal.

Pessoas com níveis baixos de GABA apresentam sintomas como dificuldade de relaxar ou dormir, sensibilidade aumentada a barulhos e luzes, ansiedade ou transtorno do pânico, palpitações cardíacas, mãos e pés frios, cansaço. A redução de GABA também está associada a doenças como fibromialgia e síndrome do intestino irritável. Estes sintomas podem piorar quando a pessoa pula uma refeição ou tenta fazer jejum intermitente ou prolongado.

Estresse crônico está associado ao aumento de hormônios como cortisol, norepinefrina e epinefrina, com efeito contrário ao do GABA. O excesso desses hormônios ou de glutamato gera maior excitação celular e maior produção de radicais livres, que podem danificar células cerebrais e contribuir para uma redução ainda maior do GABA. A falta de sono, a disbiose intestinal, a hiperglicemia e carências nutricionais (zinco, vitamina B6, magnésio, taurina e glutamina) também contribuem para a redução do GABA.

Podemos fazer suplementação de GABA. Apesar de existirem suplementos no mercado como essa versão da NOW, vários estudos mostram que este composto tem dificuldade em chegar ao cérebro. Por isso, muitas pessoas não observam melhoras. Phenibut, ou ácido beta-fenil-gama-aminobutírico Hcl, produzido pela indústria farmacêutica a partir da adição um anel de 6 carbonos ao GABA permite que ele atravesse a barreira e aja nos receptores GABA. Outro suplemento análogo de GABA é o picamilon, ou nicotinoil-GABA. Picamilon é feito adicionando niacina à molécula GABA. Uma vez que o picamilion cruza a barreira, a molécula de niacina é clivada, deixando o GABA puro. Contudo, estes produtos ainda não estão disponíveis na maioria dos países.

Assim, por enquanto, as melhores estratégias para aumentar GABA são dieta antiinflamatória, suplementação adequada, estratégias de combate ao estresse, como yoga e meditação, tratamento da disbiose intestinal e atividade física regular. Alguns fitoterápicos também ajudam a aumentar GABA como Valeriana officinalis, Melissa officinalis, Matricaria chamomilla, Passiflora incarnata, Magnolia officinalis, além de aminoácidos e B6.

Aprenda mais sobre o cérebro e os nutrientes no curso online PSICONUTRIÇÃO.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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GABA: neurotransmissor com efeito calmante | Você produz em quantidades adequadas?

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O ácido gama-aminobutírico (GABA) é um neurotransmissor inibitório que tem um efeito calmante e relaxante no cérebro. Sem ele ficamos sempre acelerados demais. O GABA é sintetizado a partir do aminoácido glutamato com a ajuda da enzima glutamato descarboxilase (GAD) e piridoxal fosfato (a forma ativa da vitamina B6) como o cofator principal.

Pessoas com níveis baixos de GABA apresentam sintomas como dificuldade de relaxar ou dormir, sensibilidade aumentada a barulhos e luzes, ansiedade ou transtorno do pânico, palpitações cardíacas, mãos e pés frios, cansaço. A redução de GABA também está associada a doenças como fibromialgia e síndrome do intestino irritável. Estes sintomas podem piorar quando a pessoa pula uma refeição ou tenta fazer jejum intermitente ou prolongado.

Estresse crônico está associado ao aumento de hormônios como cortisol, norepinefrina e epinefrina, com efeito contrário ao do GABA. O excesso desses hormônios ou de glutamato gera maior excitação celular e maior produção de radicais livres, que podem danificar células cerebrais e contribuir para uma redução ainda maior do GABA. A falta de sono, a disbiose intestinal, a hiperglicemia e carências nutricionais (zinco, vitamina B6, magnésio, taurina e glutamina) também contribuem para a redução do GABA.

As melhores estratégias para aumentar GABA são dieta antiinflamatória, suplementação adequada, estratégias de combate ao estresse, como yoga e meditação, tratamento da disbiose intestinal e atividade física regular. Aprenda mais sobre o cérebro e os nutrientes no curso online PSICONUTRIÇÃO.

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