Nutrição na colangite biliar primária

A colangite biliar primária, anteriormente chamada cirrose biliar primária, é uma doença crônica em que existe uma inflamação nos ductos biliares do fígado, os quais são lentamente destruídos devido à criação de cicatrizes nos mesmos (fibroses).

Os ductos biliares são pequenos tubos no fígado que transportam a bile. A bile ou bílis é um fluido produzido no fígado que ajuda na digestão de gorduras e na absorção de certas vitaminas. O fluido ajuda também é importante para o processo de eliminação de toxinas.

Geralmente, a colangite biliar primária desenvolve-se lentamente, sendo, em estágios iniciais, assintomática (sem sinais e sintomas). Até o momento, não há cura para a colangite biliar primária, no entanto, existem opções terapêuticas capazes de retardar os danos no fígado, como o uso do ácido ursodesoxicólico (ursodiol).

Não existe uma dieta específica para a colangite biliar primária. Contudo, o ácido ursodesoxicólico é um produto do metabolismo de bactérias no intestino. Assim, manter uma microbiota saudável é fundamental. E para que as bactérias do bem intestinais produzam ursodiol é necessário alimentá-las adequadamente. E tudo vem da nossa dieta.

Quando os ácidos biliares primários são secretados no intestino grosso, eles podem ser decompostos em ácidos biliares secundários (como o ursodiol) pelas bactérias presentes no intestino. O ácido ursodesoxicólico regula os níveis de colesterol diminuindo a taxa na qual o intestino é capaz de absorver o colesterol e também atua para quebrar as micelas, que contêm colesterol.

Alguns pacientes com colangite biliar primária possuem problemas digestivos, como colite ulcerativa e outros problemas gastrointestinais, e precisam seguir uma dieta específica, conforme o caso de cada um.

Além disso, à medida que a colangite progride, o fígado pode não conseguir processar nutrientes e toxinas como antes. A dieta visa reduzir o estresse no fígado, o que pode diminuir alguns dos sintomas da doença hepática. Algumas pessoas precisam reduzir a ingestão de sódio e monitorar potássio, colesterol e outros nutrientes, incluindo vitaminas e minerais.

A redução de sódio/sal ajuda a reduzir o acúmulo de líquido no abdômen (ascite). Você também pode precisar restringir a ingestão de líquidos. O metabolismo dos carboidratos também é alterado na doença hepática, o que pode levar ao aumento do açúcar no sangue. Você pode ser instruído a reduzir os açúcares simples na sua dieta. Uma dieta com baixo teor de gordura também é frequentemente recomendada.

Se você também tiver doença renal, outras mudanças dietéticas especializadas serão necessárias. Em determinadas situações, alguns medicamentos prescritos podem alterar o apetite e o metabolismo dos nutrientes. Evitar alimentos ultraprocessados, doces e álcool também é importante. Mas a sua dieta pode não ser a mesma para outro paciente com colangite. Cada pessoa é única e o acompanhamento nutricional é importante, para que as adaptações possam ser feitas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/