Epigenética e epigenômica na síndrome de Down

Após finalizado o projeto genoma humano em 2003, descobriu-se que nosso DNA contém aproximadamente 25 mil genes. Estes genes contém as informações para a produção de enzimas, anticorpos, hormônios e tudo o mais que nosso corpo precisa. Contudo, alguns genes trazem também informações que podem aumentar o risco de doenças. Isso acontece pois, dependendo do gene ativado, podemos inflamar mais, produzir mais radicais livres. Podemos ter problemas de destoxificação ou metilação.

Mas a expressão de genes pode ser modificada. Uma das formas de desligarmos genes que aumentam o risco de doenças é pelo consumo de nutrientes (como vitamina B9, B12, B6), ácidos graxos (ômega-3) e compostos fenólicos (como EGCG, curcumina, resveratrol e tantos outros).

Vários laboratórios espalhados pelo mundo trabalham com testes genéticos que investigam o impacto de nossa genética em nossa saúde e o impacto do ambiente em nossa genética. Espera-se que com o avanço da tecnologia e da demanda por estes testes, o sequenciamento fique cada vez mais barato, abrindo novas avenidas para a nutrição e para a medicina de precisão.

Epigenética não pode ser negligenciada na síndrome de Down

A trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down) é acompanhada de vulnerabilidades que levam justamente a um maior estresse oxidativo, neuroinflamação, dificuldades de metilação, tendência a disfunção mitocondrial. Estes e outros aspectos metabólicos contribuem para a complexidade metabólica destes indivíduos.

A epigenética é uma chave importante para minimizar déficits de aprendizagem, memória e desenvolvimento na síndrome de Down. O termo epigenética refere-se a como e quando os genes são ativados e desativados. Quando há desregulação epigenética, a chance de alterações no desenvolvimento e o risco de doença aumentam.

Embora a quantidade de estudos sobre epigenética na SD seja limitada, os mesmos indicam mecanismos alterados que possivelmente podem ser corrigidos ou amenizados com suplementos, dieta, terapias e medicamentos adequados. Enquanto a epigenética foca os estudos em mecanismos como acetilação, metilação, modificação de histonas, a epigenômica tem como foco o grupo de compostos químicos e das proteínas que podem se anexar ao genoma e controlar ou alterar a expressão dos genes ativando-os ou desativando-os.

Tudo o que acontece em nosso corpo depende do consumo de nutrientes. Por isso, a dieta é parte fundamental da vida e da saúde de qualquer indivíduo, especialmente daqueles com vulnerabilidades maiores, como é o caso das pessoas com trissomia do cromossomo 21.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/